FAIXAS EXCLUSIVAS PARA ÔNIBUS EM TERESÓPOLIS: É POSSÍVEL FAZER?

Tema destaque no 1° Fórum de Mobilidade Urbana do município, a ausência das faixas exclusivas é sentida nos enormes congestionamentos enfrentados diariamente em Teresópolis. Os clientes do transporte coletivo são os mais afetados, dos entrevistados para a pesquisa QualiÔnibus 2024, 74% concordam que os ônibus enfrentam muitos engarrafamentos.

As faixas exclusivas para ônibus é uma das diversas soluções para o transporte público que foram apresentadas no 1° Fórum de Mobilidade Urbana de Teresópolis. Um dado que chama a atenção das empresas de ônibus do município, dos clientes do transporte coletivo e também das autoridades locais é o expressivo número de reclamações em relação ao trânsito intenso no município. Dos 553 entrevistados, 74% concordam que os ônibus enfrentam muitos engarrafamentos. Em dado momento do fórum, a mesa redonda trouxe a temática para o debate, provocando opiniões e pensamentos dos convidados do evento.

Richelle Cabral é engenheira civil, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais, com mestrado em engenharia de transportes. Richelle participou do fórum representando a SEMOVE, da qual faz parte desde 2003, ela também foi a responsável pela implantação do sistema Bilhete Único municipal e intermunicipal no estado do Rio. Para Richelle, Teresópolis precisa sim de faixas exclusivas para o transporte público, trazendo priorização para o serviço que impacta diretamente na qualidade ofertada para os clientes. Ela lembra ainda da importância da confiabilidade do serviço que, com faixas exclusivas, consegue diminuir o tempo de viagem, dando maior previsibilidade para o modal e maiores informações para seus clientes. Pesquisas mostram que, nas cidades onde a faixa exclusiva foi adotada, houve ganho de 58% no tempo de viagem dos veículos do transporte público, além disso, pesquisas mostram que a adoção de corredores exclusivos permite maior qualidade na operação e melhor definição dos horários ofertados, além de diminuir uma das principais reclamações dos usuários do transporte público que são os atrasos e a sensação de demora para chegar ao destino ao usar o ônibus. Em Teresópolis, a Avenida Lúcio Meira, que é o trecho popularmente conhecido como reta, está o maior gargalo do município, já que quase todas as linhas de ônibus convergem pra lá e sem um corredor para uso exclusivo, torna-se um desafio promover mudanças para tornar o sistema de transporte do município mais eficiente.

Outro convidado, Henrique Cabral, que é analista de mobilidade urbana do Instituto WRI Brasil, engenheiro civil e também meste em planejamento urbano e regional formando pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para ele, a falta de priorização do transporte público acontece em todo o Brasil, o que desestimula o uso do serviço. Quando há priorização, os clientes tendem a migrar para o serviço, haja vista sua maior fluidez e rapidez. Para exemplificar, Salvador inaugurou o BRT em 2012 e recebeu relatos de pessoas que, estavam em seus carros e ao observar os ônibus passando pelo corredor com maior fluidez, migraram para o modal, afinal, o ganho de tempo ao priorizar o transporte coletivo é fundamental para o trabalho, saúde e lazer da população. Ele ainda traz como solução as faixas exclusivas temporárias, que são aquelas que só funcionam com exclusividade para o transporte coletivo em determinados horários de pico, onde há maior incidência de trânsito. Ele ainda lembra que é importante verificar as soluções que mais funcionam no contexto local, lembrando que não é somente copiar as soluções, mas sim adaptá-las para as necessidades da população local.

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